quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Tambores d'África

e soam os tambores do candomblé,
tambores que vêm d'Africa,
tambores dos terreiros da Bahia,
dos filhos negros, filhos de Oxóssi,
senhor das florestas, misericordioso orixá.

soa tambor, liberta teus filhos do carcere!
soa tambor, faz cessar a chibata
que canta nas costas do teu filho negro!
soa tambor, propaga a paz
que o culto do teu povo é pela liberdade!

muitos dos filhos d'Africa, filhos de Olorun,
sofreram em navios negreiros
até aportar, os mais fortes, na costa brasileira.
muitos pereceram diante da barbárie,
e seus corpos, lançados ao mar,
foram devorados por tubarões.
os que aqui aportaram,
conheceram o inferno na terra:
subjugados, encarcerados, torturados
muitos pereceram mais uma vez, e tantas outras.

os tambores, hoje, ainda que tímidos,
soam com maior liberdade nos terreiros
de candomblé, nos guetos, no silêncio das noites.
a genuína pátria do seu filho negro,
África mãe, tem as cores da liberdade,
embora haja tanta prisão
para os filhos da sua terra,
embora haja tanta fome, tanta dor e tanta guerra.

os seus filhos que aqui morreram lutando,
são lembrados nos toques dos tambores d'Africa.
os que resistiram às injúrias e injustiças,
ainda batalham com seus tambores, sua inteligência,
sua força e toda a sua fé
na luta pela liberdade e pela igualdade.

soa tambores do candomblé!
soa tambores d'Africa!
soa tambores dos terreiros da Bahia!
pela liberdade ao culto! pela liberdade de um povo!

                Dez- 2016