segunda-feira, 25 de novembro de 2013

HaiCais

pulou do tanque
a rã de Bashô,
que será que ele acho(u)?


o sal do oceano,
será, meu Deus,
a lágrima do peixe?


eu olho a formiga
ela nem liga
passa e se equilibra


se espicha toda
a lagartixa
e come a barata viva


o que te importa
é a cor da epiderme? saibas,
será banquete de verme!


digo em verdade
brincar a síntese do verso
é a maior liberdade


reúno num haicai
minha África ancestral
e a cultura oriental


é de admirar
seu jeito torto de amar
ama amar sem amar


parado passo
andando me desfaço
e sigo passando


belo o boi no pasto,
mas belo? o que importa
é o boi no prato!


haicai suburbano:
pega o ônibus, vai de trem,
vive meio engano.


digo com apreço,
dinheiro? na sepultura
tudo é esqueleto!


castiga a fome
devora o ventre da criança
que há dias não come


abjeto salário,
por que não tenta o patrão
viver como operário?


brinca o vento
de desmaiar em teus braços,
corpo em movimento.


estou carente de amar
mas só tenho esta cama vazia
e a mania de pensar


quanto lamento
de dor... profundo canto
do sapo cururu


conta-me sabiá,
onde fica sua morada.
no pé de jacarandá?


DÚVIDA

sr. Peixe, pergunto:
no fundo do mar, como
dormes sem deitar?


A GALINHA

no manso murmúrio
do rio, a galinha, rente
à margem, dormiu.



INVERNO

bicho de pelúcia,
no denso frio da invernada:
criança agasalhada.



PRIMAVERA

brota a primavera,
num bem devagarinho...
-gorjeia passarinho!



ÀQUELE AMOR

hoje relembro com
ardor, toda a inocência
dos bilhetes de amor.



MANHÃ

vendaval imenso,
que revirou, imenso drama:
mexeu toda a cama!



DEPOIS DA CHUVA

passa a lua
no asfalto sob meus pés,
caminho por estas ruas.



FLORES DE ABRIL

finda as flores de abril,
pelas brandas mãos do outono.
-mais uma folha caiu!



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