quarta-feira, 10 de maio de 2017

O menino negro

o menino negro olhava, olhava e não se via.
bebê, pensou ser a retina que olhava, olhava e não se via.
criança, desconfiou mas não pensou nada.
foi à escola, conheceu as letras, formou as palavras,
mas ainda não se via. jovem, pensou então
que o problema fosse ele, que estava nele, mas calou.
trabalhou cedo, leu livros, fez biblioteca, enamorou-se,
adquiriu conhecimento, mas ainda olhava e não se via.
mas agora o menino negro era já homem feito,
começou a perceber que o problema não estava nele,
que não era ele, chocou-se; mas desta vez não calou,
protestou! protestou! protestou!
mas agora, o menino negro que era já homem feito,
de tanto protestar começou a ouvir,
desta vez dos outros, que o problema estava nele,
que era ele o problema.
então o menino negro que era já homem feito,
conheceu de perto a hipocrisia, a injustiça,
mas não se abateu, não parou de protestar, protestar.
o menino negro, já pai e avô, partiu sem ver sua luta vencida:
o mundo diverso, em igualdade, livre do preconceito e do racismo.

                                 Maio- 2017

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