meu riso branco não me torna branco
ainda que cubra de resignação
a fonte de avessos em que me afogo
minha alma lavada de potente alvejante
determina a paz enganosa
sob as intenções de que me esgoto
e de onde obtenho medos e angústias
meu riso branco não me torna branco
ainda que o hidrogênio da bomba
de injúrias esqueça dor na minha voz
que minha dicção maltrate minha alma negra
ainda exibo meu tanto de espanto
na face desdenhada do mau destino
não aceito o cartão com flores
daqueles que derramaram
apenas o ódio da sua peçonha
sobre o riso franco de uma criança boba
meu riso branco não me torna branco
é apenas a face oposta
da minha usurpada felicidade.
Agost- 2020
Poemas de temática social onde aborda, em linguagem simples, de maneira aberta e franca a fome, a miséria, as desigualdades e os privilégios da elite brasileira, e, voltados para a condição do negro e afro-descendente no Brasil fazem menção a fatos históricos desde o continente de origem (África) aos dias atuais, ao amor, à paixão e ao desejo.
terça-feira, 4 de agosto de 2020
quinta-feira, 9 de julho de 2020
O estigma do ferro
eu sou escravo
escravo subordinado às leis
do império da cor,
humilhado com o estigma do ferro.
não trago correntes nos pulsos
nos tornozelos, no pescoço.
sofisticaram os métodos e as correntes são outras.
escravo negro renegado
escravo de uma cultura de mentiras
escravo de padrões estabelecidos.
eu sou escravo
escravo de pareceres
contrários à minha imagem,
erigidos em terrenos arenosos
cujo objetivo é degenerar reputações.
escravo das tarifas
impostas à minha pele negra
das demandas rechaçadas
da liberdade abolida do meu arbítrio.
e me afogo na lama
da sofisticada trama psicopata.
alguns irmãos gozam da liberdade
e respiram bons ares,
muitos sucumbiram
aos atrozes crimes às suas peles.
eu sigo trancado
sob estas grades de engodos,
refém do extermínio da minha teima,
do preço alto pela audácia da negritude.
escravo da ditadura do perverso.
Jul- 2020
escravo subordinado às leis
do império da cor,
humilhado com o estigma do ferro.
não trago correntes nos pulsos
nos tornozelos, no pescoço.
sofisticaram os métodos e as correntes são outras.
escravo negro renegado
escravo de uma cultura de mentiras
escravo de padrões estabelecidos.
eu sou escravo
escravo de pareceres
contrários à minha imagem,
erigidos em terrenos arenosos
cujo objetivo é degenerar reputações.
escravo das tarifas
impostas à minha pele negra
das demandas rechaçadas
da liberdade abolida do meu arbítrio.
e me afogo na lama
da sofisticada trama psicopata.
alguns irmãos gozam da liberdade
e respiram bons ares,
muitos sucumbiram
aos atrozes crimes às suas peles.
eu sigo trancado
sob estas grades de engodos,
refém do extermínio da minha teima,
do preço alto pela audácia da negritude.
escravo da ditadura do perverso.
Jul- 2020
domingo, 21 de junho de 2020
Esquecimento
vó é sagrada
a minha sofreu de esquecimento induzido
domesticada
a homicídios, seduções
violência brava
dissolveu o miolo exposto às intemperes
a dignidade esgotada
vivia como escrava analfabeta
na favela/senzala
palmilhando o chão das lavouras da vida
encarcerada, presa (fácil),
aglomerada
no eito
da busca por alimento de fim de feira
eles contam
esquecimento
em aplicações financeiras
e covardes
atos mascarados
mãe é ofício santo
a minha trouxe as sequelas no intelecto
na aparência
no pranto
os tempos difíceis no silêncio
no esquecimento
também
na desilusão, no desencanto
o peso da batalha
nos olhos
fundos
na sobrecarga sobre os ombros
as poucas posses
pelos cantos
e de conquista
o mal desenhar do nome
herança
das minhas fundas raízes
de desespero
e sangrando
lágrimas condensadas
que não saem
dos
olhos
fui bebendo gotas de espanto
escapando
de balas de preconceito
agressões de farda
negro
num mundo branco
rezando a cartilha do senhor de engenho
fazendo fortunas alheias
recebendo migalhas
dos desmamados dos peitos ancestrais
cujos atos
seguem sequelando pranto
aparência
intelecto
induzindo esquecimento
domesticando
pelo
menos
por enquanto
pelo
menos
por enquanto
Jun- 2020
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