meu riso branco não me torna branco
ainda que cubra de resignação
a fonte de avessos em que me afogo
minha alma lavada de potente alvejante
determina a paz enganosa
sob as intenções de que me esgoto
e de onde obtenho medos e angústias
meu riso branco não me torna branco
ainda que o hidrogênio da bomba
de injúrias esqueça dor na minha voz
que minha dicção maltrate minha alma negra
ainda exibo meu tanto de espanto
na face desdenhada do mau destino
não aceito o cartão com flores
daqueles que derramaram
apenas o ódio da sua peçonha
sobre o riso franco de uma criança boba
meu riso branco não me torna branco
é apenas a face oposta
da minha usurpada felicidade.
Agost- 2020