choroso sax no jazz da noite
os livros espreitam à espera que os abram
os livros espreitam à espera que os abram
no instante de nenhum açoite
além da aflição pressentida
a solidão desenha contornos que aprecio
é amiga a solidão consentida
o brio do estro e a palavra no cio
não obstante o destino
com olhos de lince e garras à mostra
observa com aguçado tino
o desafino do homem em poeta
consagrado asceta na lida do verso
a alma acessa o complexo
amplexo da vida no instante diverso
mas será o homem completo
se a sina de compor o verso é única sina
se o poeta é todo ele e ele discreto
se quem manda é apenas o poema
a compor toda a vida por lei e decreto
questões que são dilema
o poeta é homem o homem poema
Fev. 2021