não se apaga a chaga incrustrada por séculos
como lanho de couro no lombo
não se apaga a chaga dum crime sob a égide das leis
um crime viajado no tempo que nos atinge
e fere de morte nossos teres e haveres
neste circo sem lona e sem público
neste tecido esfarrapado e sujo
a chaga não se apaga
não se apaga a chaga e vivemos como artigo de segunda
ignorados no fundo do estoque
pegando poeira e traça com o pior do pior
e nó na garganta nuvens nos olhos apagados feito astro que expira
num céu de ofuscantes estrelas
a chaga não se apaga não se apaga a chaga
Jun- 2025