não provarei esta comida
assim, posta na mesa,
assim, posta na mesa,
que meu paladar
e pudor
já não compreendem.
eu quero a cabeça dos senhores
herdeiros da afanada
fortuna ancestral,
cedo ou tarde.
não vestirei esta roupa
assim, cingindo meu corpo,
que minha pele
e decoro
também já não compreendem.
eu quero as vísceras,
cedo ou tarde,
dos donos do poder
usurpado.
o gado talvez cogite
no seu pastar cotidiano
vingança ao ser humano.
quem saberá?
fato é que meu paladar
degusta o menosprezo,
e enoja ao sórdido
alimento
do seu desprezo.
minha pele já não admite
o repugnante tecido da sua gula
e talvez tramo
na surdina
sua queda destas alturas.
quem saberá?
Fev. 2021
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