à Eliane Pereira da Silva
ostensiva a boca chama um nome
talvez tenha sido sonho ou um torpor matutino com restos de sono
e este nome está em meu sangue como a chama está no fogo
irreversivelmente parte que não segrega
este nome está grafado em cadernos perdidos nesta estante em desordem
um nome que trago estação após estação por entre escritos
esquecidos em folhas ao vento entregues
são letras tatuadas na memória cuja boca jamais esquecerá a pronúncia
e ratos e baratas não levarão pelos vãos estreitos da noite para as trevas
nome que não cabe nos sonhos de qualquer poeta desgraçado
que está apenas no grito do galo tecendo manhã com outros galos como diz o poema
nome que perdeu-se no cartório ante tantos nomes em papéis escritos
e que na desordem dos dias vai ficando assim na poeira do tempo
nos arquivos do meu peito esfacelado
soterrado sob um coração de pedra pra eternidade da carne que apodrecerá sob a terra
e levará esta palavra no seu cerne mas que o verme não saberá dizer ao certo
a quem pertence aquela perfeita junção de sílabas
que te obstrui as entranhas
Mar- 2024
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