os olhos ousam distinguir detalhes,
as narinas teimam absolver o sensível no ar,
o cérebro equaciona o submundo das incógnitas
mais covardemente mascaradas:
não é só o cabelo que dá,
a veste pobre que pode,
o trabalho implorado que resta,
a angústia desesperada do desemprego,
a assistência do governo,
a pessoa física tristemente empobrecida,
o amor que nem sabe o que seja,
o agasalho dum colo
que ficou para trás na infância,
os olhos resignados de quem assiste à tragédia de cada um
e a cara de quem sangrou a noite toda por cada poro.
é a consciência pressentida que tudo segue
amargamente o curso do abismo.
o homem bombardeou covardemente
a cidade dos meus sonhos.
Out- 2024