eu sou escravo
escravo subordinado às leis
do império da cor,
humilhado com o estigma do ferro.
não trago correntes nos pulsos
nos tornozelos, no pescoço.
sofisticaram os métodos e as correntes são outras.
escravo negro renegado
escravo de uma cultura de mentiras
escravo de padrões estabelecidos.
eu sou escravo
escravo de pareceres
contrários à minha imagem,
erigidos em terrenos arenosos
cujo objetivo é degenerar reputações.
escravo das tarifas
impostas à minha pele negra
das demandas rechaçadas
da liberdade abolida do meu arbítrio.
e me afogo na lama
da sofisticada trama psicopata.
alguns irmãos gozam da liberdade
e respiram bons ares,
muitos sucumbiram
aos atrozes crimes às suas peles.
eu sigo trancado
sob estas grades de engodos,
refém do extermínio da minha teima,
do preço alto pela audácia da negritude.
escravo da ditadura do perverso.
Jul- 2020