quarta-feira, 3 de abril de 2024

A cor de minha busca

eu escarro e cuspo sangue negro
na cara desdenhada do feitor
que me chibata,
este destino imposto às custas
de tanto sangue,
na cara de escárnio
do patrão dono do fruto 
usurpado dos meus esforços.

porque negro é o escroto que me trouxe
de terras remotas,
a placenta que acolheu
o tambor do meu peito no ventre
de minha mãe negra.

desde a aparência renegada
das minhas origens
à mista cor dos corpos herdeiros
dos horrores das senzalas,
das dores das torturas tantas vezes negadas.

negra é a cor de minha pele,
negra são minhas palavras 
e a minha poesia,
negra é a raça humana desentranhada
de África mãe, negro 
são os caminhos onde forjo 
meus passos em busca 
de minha verdadeira história.

             Jan- 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário