eu escarro e cuspo sangue negro
na cara desdenhada do feitor
na cara desdenhada do feitor
que me chibata,
este destino imposto às custas
de tanto sangue,
na cara de escárnio
do patrão dono do fruto
usurpado dos meus esforços.
porque negro é o escroto que me trouxe
de terras remotas,
a placenta que acolheu
o tambor do meu peito no ventre
de minha mãe negra.
desde a aparência renegada
das minhas origens
à mista cor dos corpos herdeiros
dos horrores das senzalas,
das dores das torturas tantas vezes negadas.
negra é a cor de minha pele,
negra são minhas palavras
e a minha poesia,
negra é a raça humana desentranhada
de África mãe, negro
são os caminhos onde forjo
meus passos em busca
de minha verdadeira história.
Jan- 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário