proscrito da terra vem nos porões
minha angústia carrega o seu olhar de medo
e tenho apenas o poema
saltando no peito
que será de nós depois da tempestade
depois da memória
dos tempos de barbárie
o que diremos aos filhos dos filhos
e aos próprios filhos
o que diremos às esposas
às mães e aos irmãos
o que diremos a nós mesmos no escuro da noite
que uma constelação de estrelas
se perdeu no mar
que não foi possível saltar para liberdade
no mar em fúria do mau destino
que a liberdade fracassou diante da violência
que precisamos reinventar o enredo
duma história distorcida
e o poema se cala envergonhado da própria impotência
o céu de chumbo chora a nossa dor
Jan- 2024
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