sexta-feira, 27 de setembro de 2024

De leituras e ciências

cada vez que fecho um livro me abro,
multiplico a capacidade de me ler, com olhos isentos,
transcendidos de ambição, depois
de tanto horizonte.
e neste olhar para dentro me vasto, despido
de vaidades, me sei do avesso.
exposto a mim, as páginas escritas do tempo,
norte das outonais aragens, cumprem a ordem estável,
mesmo que algum desejo
de transforma-las agite uma cobiça
adormecida, um interesse além do possível.
vem daí a paz do meu sono, da ciência de poder me ver,
elucidar as obscuridades
entranhadas no inconsciente, penetrar no insabido,
no negado aos sentidos,
no oculto sob a casca que nos veste.
isto me põe satisfeito, humano radicado na vida.
por isso abro os livros
cada vez mais,
matuto o lodo sob as palavras.
antes que sepulte-me a noite, derroto distâncias,
conquisto páginas, conheço seus finais
e venço a guerra cada vez que os fecho, depois de lidos.

                       Abr- 2020

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