andando por estas ruas
transito-me as casas já estão mudas
e há um eco de silêncio
nos portões
os mortos sob o asfalto
não ousam manifesto
costuro a boca com os dentes
aflito sob tantas máscaras
de obrigações
e condenados sem sentença
no tribunal
dos enjeitados
não há julgamento justo
não há júri isento
pra essa gente de cor escura
com a guilhotina
da vida dura
a um fio da jugular
de repente me afaga uma flor
afogo no ensaio
um anseio de fé satisfeita
não há prazer que apague a mágoa
de sonhos desfeitos
já não quero nada
diante dos gozos urbanos
da tragédia planejada
dos arquitetos do caos e suas plantas
com nódoas de sangue
sorrir já não quero
enroscado, o esqueleto duma pipa
elabora o tempo.
Jan-2024
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