terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Desespero

ninguém mais se espanta com a miséria
catando restos de feira
ou no ceasa

quer alçar voo o pássaro
mas as asas estão partidas
a liberdade é sonho oculto sob às mágoas

estão turvas as águas
da bonança
nesta festa ninguém mais dança

e o olhar de fome da criança
já não comove
é certeiro o tiro no coração da esperança

já não negociam mais a paz
os coqueteis molotovs
nas passeatas

e a mãe que amarga aquele olhar
traz no ventre um vazio que já não aguenta
uma avenida onde antes placenta

             Jan- 2024

Nenhum comentário:

Postar um comentário