a navalha na carne do poema
não é lanhar o coração
é exigir a secular dívida que não foi paga
arte é pedra
no sapato do opressor
navalha sempre foi na mão do negro
agora é a palavra
eu que nunca escrevi nada
agora me escrevo
em signos
mas temos que tomar todo cuidado
os donos das coisas
estão nos vigiando de perto
e não há nada que se possa fazer
apenas não abandonar
a lida
fazer dela questão de vida
como um faminto luta por um prato de comida
e se a palavra liberta
tomar posse dela
ainda que sob toda a opressão
fazer dela o nosso tesouro
há tempos subtraído covardemente
de nossas mãos
Jan- 2024
Nenhum comentário:
Postar um comentário