terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Filhos da mesma mãe

vivemos alheios ao parentesco
ávaros, vivemos indiferentes
enquanto gira o globo e tudo volta
o alimento nos chega à mesa num passe de mágica
nós que comemos, e desperdissamos alheios ainda
depois de haverem-se perdido toneladas do mesmo alimento no transporte
e ainda alheios nos regalamos com fartura
mas na lama escura e podre do completo anonimato
nos escombros duros de anseios bombardeados
subexistem filhos da mesma mãe
irmãos de pátria e sangue derramado no campo de batalha
são esses seres que tropeçamos nas ruas
andarilhos da grande cidade
órfãos d'áfrica, grande mãe da humanidade
os enigmas obscuros das urbes
vitimados das tiranias com que forjou-se a nação
os destroços humanos de nossos atos
eu falo dos indigentes que povoam as ruas sob nosso desprezo
falo de gente que transpira fome
sob nossa arrogância

                          Jan- 2025

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