quarta-feira, 6 de março de 2024

Ofício do verso

ao cabo tudo é dor
pássaros sem a posse 
do espaço estamos
o poema 
que morre aos olhos
e tenta no âmago a essência
pequenas glórias
que o céu almejam no mar da vida

ecoa a palavra 
que não sustenta o verso 
na trágica metáfora da tarde
desatar os fios da lavra
tece o tempo

(o novelo mais se ata)

rompem os elos
explode arte-vida 
em musgo
tudo nos escapa
restam ranhuras n'espanto 

o poeta é um egoísta
tentando o belo por ruínas
no instante fatal

   Mar- 2021

Um comentário:

  1. Passo aqui todos os dias poeta. Alimento-me de tua criação. "Tudo nos escapa , restam ranhuras no ser", gostei muito desses versos, representam a arte de existir.
    Acho que já me enquadro em superfâ.

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