forro nunca foi livre
mas escravo do mesmo dono
nas duras engrenagens do progresso
não conta a história
não contará
ventre livre foi prisão
na miséria encarcerou seus filhos
e o leite da mãe negra engordou
muita cria dos engenhos
gordos bezerros
da prospera pátria
negro foi artigo de luxo
carne exposta à venda nos mercados
em praça pública
animal de boa tração gerador
da riqueza alheia
não aceito a utopia
da falsa liberdade concedida
depor-se-á o rei da barriga do homem
cedo ou tarde
alimenta-nos a certeza
que não fomos feitos
para o açoite
ou para o cárcere
não à canetada del-rei
à bondade esperta de qualquer princesa
à hipocrisia do riso branco
negro é artigo de luxo
porque veste
a roupa da batalha
e com ela vai atrás da real
liberdade
Agos- 2021
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