sábado, 28 de agosto de 2021

Mãe negra

                                 à minha mãe

quanto de dor pisa a avenida
sem adereço 
eterno recomeço deste enredo sem palavras
o emprego do seu afeto
entre o prazer reprimido e o encargo

nenhuma poesia
nesta alegria sem sorriso
doada
neste abraço que protege indefeso
sem qualquer interesse
do desapego

o tempo não cede 
ao argumento que alegam teus olhos
que propõe teu desejo
somos cinzas sem direitos
e dissipamos 
sopro

mãe 

gestasse o homem não seria tanto
na dor e no pranto
do ser que desentranha

parisse o homem não seria tudo
no fruto que fere feto e já fato
esta voz que ecoa 
fora do útero

mãe negra é a mãe branca
com os encargos da cor

        Agos- 2021

2 comentários:

  1. Lindo poema, mãe é amor incondicional, mãe não tem côr, não tem raça mãe tem coração que ama e sofre. Mãe é aquela que é toda garra e perfeição que é para 100 filhos. Mas 100 filhos não é para uma mãe.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns meu escritor predileto. Por este poema, tiro meu chapéu.

    ResponderExcluir